Economista prevê cenário melhor para o Brasil em 2020
Crescimento do PIB deve chegar 2%, baixo risco inflacionário e menor taxa de juros são as previsões do palestrante.
A economia brasileira deve apresentar crescimento em 2020, mas não tão expressivo, pois há efeitos negativos provenientes de fora do País. Esta foi a mensagem deixada por Roberto Dumas Damas, mestre em Economia, que conta com mais de 30 anos de experiência no mercado financeiro doméstico e internacional, durante a palestra “Reformas do Governo: O que esperar para 2020?”, realizada no dia 13 de dezembro, na sede da Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais, em Santo André/SP.
Segundo o palestrante, em 2019, o PIB deve crescer entre 0,8% a 1% e um pouco mais em 2020, quando chegará a 1,8% a 2%. A inflação deve ficar controlada, 3,84% em 2019 e 3,7% em 2020, com baixa taxa de juros, 4,5%. Com relação ao desemprego, disse que, apesar da melhora, ainda ficará elevado no ano que vem.
Setorialmente, disse que a indústria automotiva apresenta supercapacidade, mas a previsão é de aumento de produção de 3% em 2019 e de 8,3% nas vendas. O setor varejista, como as linhas branca e marrom, estará em alta, com melhores condições de crédito. Não vê bons resultados para a siderurgia, óleo e gás. Já os novos leilões beneficiam toda a cadeia de energia elétrica e o aumento de renda da população chinesa favorece o setor de alimentos e agronegócio, bem como a proteína animal, estimulada também pela gripe suína.
Segundo João Moura, presidente da Abrafiltros, apesar do pequeno crescimento do PIB esperado para 2019, os indicadores estão mais favoráveis, a economia está aquecendo aos poucos. “O cenário está mais positivo. A expectativa é de recuperação gradual da economia brasileira”, afirmou.
Ventos contrários – Os fortes ventos contrários vêm do exterior em 2020 e 2021 – da China, EUA, Argentina e Europa. “A China consome bem, mas produz muito mais. Além disso, a exportação líquida também cresceu menos”, comentou Dumas, ressaltando que vieram para ficar no Brasil e vão tentar vender cada vez mais. Investirão em logística, comprarão empresas.
Há a guerra comercial entre EUA e China. “No início, foi tarifa de 10% para o alumínio e 25% para o aço”, disse. Mesmo com a política expansionista, Trump acredita que a culpa pelos déficits dos EUA é dos outros, especialmente da China. “Quem ganha e quem perde com essa guerra?”, questiona. Os EUA importarão bens mais caros da China e a confiança do empresário norte-americano fica prejudicada com a volatilidade das decisões. Segundo Dumas, a guerra não se trata mais de um problema só comercial, mas de propriedade intelectual e de segurança nacional. “Os EUA já está crescendo menos, estima-se que até abril de 2020, entrarão em recessão”, advertiu Dumas, enfatizando que há, inclusive, bancos que poderão quebrar.
Por outro lado, o peronismo voltou à Argentina e há planos para congelamento de preços de 200 produtos, aumento dos salários e de benefícios sociais. “Eu já vi este filme”, lembrando que este mecanismo já foi utilizado sem bons resultados. O peso argentino já depreciou mais de 236% desde janeiro de 2018. A expectativa é de recuo de PIB de 3% em 2019. Fatores que, de acordo com Dumas, devem atrapalhar as exportações do Brasil para a Argentina que soma 66% do total.
Tem ainda a União Europeia, com Alemanha registrando queda do PIB no 2º trimestre/19, BCE cortando juros e apelando para políticas fiscais expansionistas em países que tenham espaço para tal, como Alemanha e Holanda.
Citou entre as oportunidades para o Brasil – o aumento da renda da população chinesa, que trará maior demanda de soft commodities; haverá mais investimentos no Brasil e concessões Programa de Parcerias de Investimentos. A confiança na retomada da economia aumentará a criação de empregos formais. Em contrapartida, as exportações não caminharão bem já que o mundo está crescendo menos.
Ao final da palestra, Dumas alertou também para o problema com a educação. De acordo com o PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (2012), o Brasil está na 57ª posição em Matemática e na 53ª posição em Leitura e Ciências entre 65 países. “Sem educação não tem tecnologia e vai bater na capacidade. Sem ter como produzir, aumentará a inflação. O que faz um País crescer é a educação”, finaliza.
A palestra do professor Dumas encerrou a programação 2019 do Ciclo de Palestras Abrafiltros. Novos temas serão programados para o ano que vem.
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Sobre a Abrafiltros:
Criada em 2006, a Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais – tem a missão de promover a integração entre as empresas de filtros e sistemas de filtração para os segmentos automotivo, industrial e tratamento de água e efluentes – ETA e ETE, representando e defendendo de forma ética os interesses comuns e consensuais dos associados.
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