Evento da Abrafiltros destaca iniciativas para ajudar a evitar falta de água potável

25/07/2022 por Solange em Abrafiltros,Evento
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Apesar de o Brasil ter 12% da água potável do mundo, se não houver investimentos em ações, como educação ambiental, tecnologia para uso racional de água na agricultura, gestão dos mananciais e gestão de perdas, é possível ter sérios problemas no abastecimento de água.

 

Desde o começo dos anos 90, o Brasil perdeu 15% de superfície de água. Em 1991, havia 19,7 milhões de hectares de área, com a perda, 3,1 milhões de hectares foram perdidos em 30 anos. Para ter uma melhor dimensão da perda de superfície de água no Brasil, esse volume é quase metade (43%) da área do Rio Tietê, que conta com 7,2 milhões de hectares. Dados que mostram que, se não houver gestão de perdas, poderemos ter sérios problemas de abastecimento, de acordo com o Dr. Helvécio Carvalho de Sena, especialista em gestão de processo de tratamentos por lodos ativados, digestão anaeróbia e lagoas de Tratamento anaeróbias e facultativas, que ministrou, no dia 14 de julho, a palestra “Temos água suficiente? A necessidade de combater as perdas”, no “Abra Talks”, evento virtual mensal da Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais.

 

Sena citou entre as motivações para esse resultado: o pior índice de chuvas dos últimos 91 anos, mudanças no uso e cobertura da terra, construção de barragens e de hidrelétricas e uso excessivo dos recursos hídricos para a produção de bens e serviços, que alteraram a qualidade e a disponibilidade da água em todos os biomas brasileiros. “Devido à expansão agrícola, o Rio São Francisco perdeu 10% da superfície de água em 15 anos”, comentou o especialista, lembrando que, se há menos água no rio, há o avanço da água salina.

 

Ele explicou que o Brasil conta com 12% da água potável do Planeta, no entanto a distribuição é inadequada. A Bacia Amazônica concentra 70% desse volume. “O Sudeste concentra 42% da população e somente 6% dos recursos hídricos, enquanto o Norte, 8,7% da população e 68,5% dos recursos hídricos”, ressaltou.

 

Em sua apresentação, comentou que, segundo dados da ONU, 130 países podem enfrentar um risco maior de seca neste século, outros 23 países sofrerão escassez de água por causa do crescimento populacional e 38 nações serão afetadas por ambos.

 

No mundo, 97,5% da água é salgada e apenas 2,5% doce. Muitos países estão fazendo a dessalinização. Segundo o especialista, na Arábia Saudita, 70% de toda a água doce consumida no país vem do mar. “O problema é o custo elevado”, disse. Para dessalinizar a água, com o uso de membranas, nos Estados Unidos, cada mil litros de água tem o custo de US$ 0,75 a US$ 1,50. No Brasil, gasta-se metade desse valor para tratar a água retirada dos rios.

 

Panorama das perdas de água no Brasil e gestão de perdas em outros países – Em 2014, as perdas de água ficavam em 36,7%, quatro anos depois, saltou para 38,45%. “Estamos caminhando para a falta de água, mas é possível evitá-la com a gestão de perdas”, enfatizou Sena, recordando de Albert Appleton, que atuou como diretor do Sistema de Água e Esgoto da Cidade de Nova York, e, em 1990, quando a metrópole americana sofreu com a seca, ao invés de construir novos reservatórios, optou por outras iniciativas, reflorestou os mananciais, consertou vazamentos, trocou tubulações, conscientizou a população e pagou fazendeiros para conservar a região onde ficavam as represas, e a cidade não sofreu mais com secas, tem as águas mais limpas dos Estados Unidos e o consumo caiu em um terço, mesmo com o crescimento de 13% da população.

 

No Japão, o combate às perdas é um trabalho contínuo e de longo prazo. Em 10 anos, entre 1945 e 1955, a taxa de vazamento de água reduziu de 80% para 20%, segundo Sena. De 1957 para 1997, a redução foi de 20% para 8,4%. “Foram 40 anos de esforços ininterruptos”, afirmou.

 

Ao final da palestra, destacou algumas ações que podem ser realizadas para que o Brasil não sofra com a escassez de água, como educação ambiental, tecnologia para uso racional de água na agricultura, gestão dos mananciais e gestão de perdas.

 

Para João Moura, presidente da Abrafiltros “debater o saneamento e principalmente o uso consciente de um bem natural e tão precioso como a água, é missão da CSFETAER – Câmara Setorial de Filtros para Estações de tratamento de água, efluentes e reúso da Abrafiltros”.

 

O Abra Talks teve início com a apresentação do engenheiro químico Henrique Martins Neto, fundador da empresa EQMA Engenharia e Consultoria, com o tema “Aspectos e mecanismos de filtração para remoção de Ferro e Manganês de águas e efluentes”. Em seguida, foi a vez de Sena, e Marco Antônio Simon, gestor do Programa Descarte Consciente Abrafiltros, responsável pela logística reversa de filtros usados do óleo lubrificante automotivo que completa 10 anos, falou sobre a evolução do programa e seus desafios.

 

O evento foi patrocinado pelo Grupo Supply Service, empresa pioneira na decomposição de soluções aquosas de óleo solúvel e reciclagem com mais de 30 anos de mercado, que atende o Programa Descarte Consciente Abrafiltros, que faz a logística reversa de filtros usados do óleo lubrificante automotivo.

 

O próximo Abra Talks acontecerá dia 11 de agosto.

 

Sobre a Abrafiltros:

Criada em 2006, a Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais – tem a missão de promover a integração entre as empresas de filtros e sistemas de filtração para os segmentos automotivo, industrial, tratamento de água, efluentes e reúso, representando e defendendo de forma ética os interesses comuns e consensuais dos associados.

 

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