Novas tecnologias, evolução da frota e modelo de gestão para retíficas são destaques em evento do CONAREM na Automec

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Eletrificação veicular, frota circulante, Rede Nacional União de Peças e futuro do setor foram alguns dos temas no Encontro Internacional promovido pelo CONAREM.

 

O Encontro Internacional de Retíficas, evento promovido pelo Conselho Nacional de Retíficas de Motores (CONAREM), promovido no dia 26 de abril, durante a Automec – 14ª Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços, no São Paulo Expo, em São Paulo/SP, reuniu mais de 200 representantes e personalidades do setor de retíficas para debater a eletrificação, frota circulante, Rede União nacional de Peças, o futuro das retíficas e a atuação do WERC.

José Arnaldo Laguna, presidente do CONAREM, falou sobre algumas das atividades desenvolvidas nos 20 anos da entidade, entre elas, cobertura da garantia nacional; software de gestão completo desde a coleta até o balanço final; Retífica padrão de Qualidade, software que apresenta planta sugestiva com células de produção; representação setorial em nível nacional; atuação com projetos de interesse em legislação no âmbito federal, estadual e municipal e também em Normas Técnicas e de Segurança; treinamento de mão de obra com mais de 5 mil profissionais treinados ao ano; Missões Empresariais, desde 1998, para países da América do Norte, do Sul e Central, Europa, Ásia, Oriente Médio e África e, neste ano, para África do Sul; banco de dados técnico com informações de 3.164 motores; Mitchell, banco de dados dos Estados Unidos, com suporte na linha de motores, elétrica, transmissão, suspensão, freios e ferramental, especializado na linha leve; literatura técnica; Pesquisa Referencial de Preços; licitação pública, solicitando capacidade técnica, com certificação do IQA ou CONAREM; consultoria em questões do meio ambiente; incentivos ao desenvolvimento de máquinas e equipamentos; negociação com fornecedores; Serviço Autorizado de credenciadas para Cummins, Deutz, FPT, Kohler, Lombardini, MWM, VW Man, Perkins e Yanmar; e o portal de retíficas de motores. “Todos os assuntos são debatidos e aprovados em reunião nas plenárias do CONAREM. Vocês, associados, decidem e a diretoria executa”, comentou.

 

Eletrificação Veicular – Tendências e Perspectivas – Em curto e médio prazos, o futuro no Brasil não é elétrico. Esta foi a firmação de Rodrigo Bitencourt, gerente de desenvolvimento de aftermarket da Motorservice, na palestra Eletrificação Veicular, ressaltando que há desafios para serem vencidos, como ponto de carregamento, distribuição e falta de energia no País, além de custos elevados de produção. “Um carro elétrico gasta cinco vezes mais energia para ser produzido do que um veículo com motor a combustão”, comentou.

Falou também que o Rota 2030 oferece apenas um incentivo no IPI entre 7% a 20% (atual 25%) para os veículos elétricos/híbridos. “O Brasil e a Argentina priorizam os motores de combustão devido aos incentivos a esses combustíveis”, ressaltou.

 

Destacou as tendências para o mercado automotivo brasileiro, como eficiência energética dos motores a combustão, biocombustíveis, popularização da automação (ar, câmbio automático, GPS em todos veículos), bem como dispositivos de segurança (airbag lateral, Isofix, cinto 3 pontos, sensor de ré).

Ele lembrou que a Toyota é a única montadora que planeja fabricar um modelo híbrido na América do Sul, a GM anunciou investimentos de R$ 10 bilhões em fábricas brasileiras nos próximos 5 anos, mas nada disto vai para carros elétricos, e a Volkswagen não tem planos de produzi-lo localmente. “A perspectiva de eletrificação é de longo prazo, haverá tempo para o setor se preparar para as inovações”, disse.

Concluindo falou que, apesar da tendência global de eletrificação, no Brasil, ainda vai ter frota de veículos a combustão por muitos anos. “Devemos investir em melhorias nos motores, como injeção água/GNV, redução de atrito, turbo variável, desativação cilindro e uso plástico, para torná-los mais limpos e eficientes, prolongando sua aplicação nos diferentes tipos de veículos”, ressaltou.

O Grupo Rheinmetall está, em curto prazo, investindo na ampliação do portfólio de motores originais, downsizing de motores e controle de emissões. Em médio prazo, focando em conformidade ecológica e eficiência – gerenciamento térmico, eficiência energética e recuperação de energia e, em longo prazo, na eletrificação, componentes de células de combustível, sistemas de bateria, propulsão elétrica, entre outros.

 

Brasil é o 6° maior mercado do mundo e frota deve continuar a envelhecer nos próximos cinco anos – Seguindo a programação do evento internacional, Thiago Nogueira, que atua na área de reposição do Sindipeças e assessora o GMA – Grupo de Manutenção Automotiva, falou sobre a evolução da frota de veículos no Brasil que já atinge 44 milhões de unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, somando motos chega a quase 60 milhões, volume expressivo sendo o 6° maior mercado do mundo, ficando atrás apenas da China, Estados Unidos, Japão, Rússia e Alemanha. Nogueira destacou que além da quantidade, mesmo em época de crise das vendas de veículos novos, a frota circulante brasileira continuou crescendo e também vem ficando mais envelhecida. “Veículos entre 10 e 20 anos devem crescer nos próximos anos, o que é positivo para o mercado de retíficas porque é com essa média de idade que surge a demanda de serviço para o setor”, comenta.

Outro ponto importante destacado pelo representante do Sindipeças foi a respeito da concentração da frota circulante. O estado de São Paulo reúne 30% dos veículos que trafegam no País, depois vem Minas Gerais com 12% e Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul com 8% cada um.
Ao detalhar ainda mais os dados do levantamento da frota do Sindipeças, Nogueira revelou que a participação por regiões vem aumentando, como o Nordeste que cresce, em média, 4% ao longo do tempo, impulsionando o mercado de reposição em várias localidades.

Com relação à evolução do aftermarket, Nogueira citou o estudo da McKinsey, mostrando crescimento em torno de 5% até 2027, movimentando R$ 100 bilhões em toda a cadeia do fabricante até as oficinas. Desse volume 20% são de manufatura, 30% distribuição de peças e 50% peças e serviços, o que significa metade do valor total, muito representativo.

Assim como a evolução gradual dos veículos flex no Brasil, começando de 2002 para cá quando teve início essa modalidade de combustível, que chega a 70% da frota, o representante do Sindipeças explicou que as mudanças com as nova tecnologias vão depender de o consumidor adotar. “Os veículos flex são a maioria hoje porque foi uma opção vantajosa para o consumidor e é assim que deve acontecer com as novas tecnologias, como elétricos e híbridos. Ainda que hoje a frota de elétricos no Brasil é de apenas 11.048 unidades, bem inexpressiva comparada aos 44 milhões, é preciso considerar as mudanças e estar atento para acompanhar os novos conceitos e a influência do mundo digital no hábito de consumo das pessoas”, enfatizou.

Para demonstrar esse novo momento, Nogueira listou 10 tendências disruptivas: digitalização de canais, avanço de análise de dados dos consumidores, crescimento de clientes frotistas, envelhecimento da frota, veículos elétricos, mobilidade compartilhada, eletrificação do sistema de transmissão, direção autônoma, entrada de novos players no mercado (plataformas digitais) e consolidação e integração da indústria.
Todos esses fatores, segundo Nogueira, exigem mudanças nas empresas que precisam estar mais conectadas e com mais informações para tentar agregar valor ao negócio em um mercado cada vez mais baseado em preço. Na sua opinião, como os negócios começam e terminam em pessoas, é preciso tentar sair da guerra de preços, buscando agregar valor.

 

Rede Nacional União de Autopeças – Francisco Viudes, presidente da Rede Nacional União de Autopeças, organização jurídica que reúne os pedidos e negocia direto com os fabricantes de peças motor, falou sobre o modelo de compra coletiva e os 10 anos de sua criação. “A Rede Nacional União de Autopeças está completando 10 anos de sucesso graças ao empenho e dedicação de nossos sócios, parceiros e colaboradores”, disse Viudes, acrescentando que a rede veio para fazer parcerias e buscar meios para que os empresários do setor de retíficas possam garantir a sobrevivência do negócio.

Fundada em 2009, a Rede Nacional União de Autopeças organiza e opera a comercialização de peças e material de consumo para retíficas e cobre seus custos operacionais com mensalidades, patrocínios de parceiros e com bonificações. Não há mark up na peça. A compra e a venda da peça é realizada pelo mesmo valor.

A central de negócios atua em nove estados e está sendo implementada em mais dois. Cada estado tem seu CD para receber a mercadoria da fábrica e providencia a entrega para o associado.

Entre os benefícios de participar da Rede está o baixo custo de logística, baixo investimento, payback menor de um ano, compra direta de fábrica compartilhada, metas compartilhadas, menor investimento em estoque, melhor rentabilidade do negócio e melhorias na gestão de estoque. “O modelo citado é um sucesso e o resultado operacional e comercial tem sido interessante. Não adianta só fazer a usinagem, devemos agregar valor ao serviço. Nossa missão é produzirmos com qualidade e com menor custo possível”, ressaltou Laguna.

 

A visão do futuro da retificação na América do Norte – Rob Munro, diretor da AERA – Engine Builders Association, dos Estados Unidos, é do Canadá, mas trabalha em Chicago e entrou no setor pela paixão por carros. Disse que, no Canadá, há um programa de aprendizado de 4 anos para certificação, e na associação, desde 1922, ou seja, há quase 100 anos, investem em treinamento e capacitação. “Falta gente capacitada para trabalhar na América do Norte e os jovens não têm interesse em entrar no setor”, enfatizou. De acordo com Munro, a idade média na indústria automotiva é 50 anos e 45% das pessoas trabalham há mais de 30 anos no setor. “Precisamos de mecanismos para atrair os jovens, pois trabalho tem, mas não há pessoas capacitadas para realizar”, disse.

Falou sobre o Hot Rodders, programa para jovens de ensino médio, onde montam motores pequenos Chevrolet. Também há programa para crianças de 5 anos, onde desmontam, mensuram e montam de novo o motor. “É preciso envolver as crianças e jovens”, afirmou. Além disso, os profissionais precisam investir em capacitação. “Não adianta falar que não tem tempo e dinheiro, pois há bolsas e subsídios para treinamento”, ressaltou.

Para atrair os jovens, o empresário deve ter atenção também à aparência do negócio, que deve ser claro, estar limpo, organizado e ter equipamentos modernos.

Destacou ainda que os eventos, como o Encontro Internacional de Retíficas, são fundamentais para compartilhamento de informações e para a aprendizagem.

Falou também que, desde 2008, quando iniciou a recessão nos Estados Unidos, as vendas de serviços despencaram nas oficinas, que tiveram que se reinventar. “Tivemos que ganhar com outros motores, pois não dava para trabalhar só com o automotivo. Diversificamos para o motor diesel e motocicletas. É preciso ter a mente aberta”, comentou Munro, ressaltando que tiveram que aprender rápido.

 

Gestão, capacitação e gerenciamento dos serviços nas retíficas – Frank Mac Nicol, presidente do WERC, Conselho Mundial de Recondicionamento de Motores, representante da RMI e membro da associação de retíficas da África do Sul, com 45 anos de experiência no mercado, veio especialmente para o evento e falou sobre o trabalho que desenvolve em sua empresa e também para o setor. Nicol falou da importância de unir as empresas de vários países como membros WERC para discutir sobre problemas em comum, apresentar soluções e também ter força e efetividade em assuntos para levarem aos governos dos países membros do WERC. Como exemplo, ressaltou que as retíficas deveriam ter crédito de carbono com redução de impostos porque trocam peças de motores de veículos mais antigos por outras com novas tecnologias mais eficientes para redução de emissões de poluentes, contribuindo para diminuição de CO². Mas isso só pode ser possível com a união dos membros do WERC para levar essas demandas aos governos.


O presidente do WERC falou também do seu trabalho na empresa que adota gestão eficiente para melhorar a produtividade. “Cada profissional técnico que faz o serviço precisa produzir o que equivalente a três vezes o seu salário para cobrir as despesas da empresa e ter rentabilidade”, disse. Para isso, Nicol revelou que tem em sua empresa um método que os profissionais registram o tempo de serviço no relógio e assim é possível saber quanto tempo demorou cada etapa e o trabalho completo dos motores. Desta forma, é possível mensurar o valor do serviço por hora e também controlar a produtividade dos funcionários. Além disso, tem um software que vai disponibilizar aos membros do WERC para gerenciar todos os processos de cada motor reparado, gerando histórico do serviço realizado que pode ser acessado a qualquer hora. É possível pesquisar lote de cada peça aplicada. Também entrega um manual para o cliente sobre o serviço realizado no qual ele precisa assinar para ter garantia, assim as duas partes ficam protegidas: consumidor e empresa.
Ainda sobre gestão, o conferencista internacional reforçou a importância de normas ISO nas retíficas, inclusive mencionou que conhece várias empresas brasileiras que já possuem essa certificação, e que o ideal é que os membros do WERC utilizem padrões e normas internacionais para tornar o setor mais profissionalizado.
Outro assunto destacado pelo presidente é com relação ao programa de treinamento que ele está desenvolvendo para jovens que querem ingressar no mercado e para níveis intermediário e avançado. Nicol acrescentou também que esse aperfeiçoamento é necessário devido à evolução das peças e suas complexidades. A ideia é que exista padrão de capacitação para empresas de todos os portes.

Finalizando a apresentação, Nicol deixou mensagem otimista: “WERC nos levará para o futuro”.

A Riosulense realizou sorteio de brindes ao final do encontro e, na parte da tarde, foi realizada a segunda reunião do WERC. A primeira aconteceu no ano passado na Automechanika, na Alemanha.

Estiveram presentes no evento, que foi organizado por Omar Ricardo Chehaybe, diretor internacional do CONAREM, representantes do setor de diversos países, entre eles, Estados Unidos, Argentina, México, Guatemala, Chile, Uruguai e Paraguai.

 

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