Cenário econômico e desafios para o novo governo
Apesar do PIB encerrar 2018 com previsão de alta de 1,3%, há fatores externos que podem prejudicar o crescimento da economia brasileira.
A economia brasileira em 2019/2020 tem boas perspectivas, com PIB esperado de 1,3% para 2018, mas é preciso considerar o efeito vindo do exterior. Há alguns fatores externos que podem fazer com que o crescimento do PIB brasileiro, em 2019, não passe de 2,5%. Esta foi a mensagem deixada na palestra “Novo Governo e Novo Cenário Externo: O que esperar para 2019 e 2020?”, ministrada na Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais, pelo Prof. Roberto Dumas Damas, mestre em Economia, em Economia Chinesa e Chartered Financial Analyst.
Segundo Dumas, há alguns bons sinais para a economia. Os níveis de confiança de consumidores e empresas estão melhorando. As concessões de crédito pessoal e veículos (pessoa física) e capital de giro começam a crescer. A inflação está ainda controlada, com baixo risco inflacionário e a taxa de juros baixa (6.5%).
Mas, para ele, “o único motor que garantirá crescimento econômico sustentável é o investimento privado”.
De acordo com Dumas, a reforma da previdência é crucial para estabilizar a dinâmica explosiva da dívida pública no Brasil. Estima-se que se a Reforma da Previdência não for aprovada, em 2030 os gastos correspondentes com a Previdência atingirão 96,4% do teto dos gastos, aprovado pela PEC.
Altamente preocupante, a Dívida Pública Bruta era de 76% do PIB em 2017 e chega a 78% em 2018. Em 2014, era 57,2%. “Apenas combater a corrupção e as privatizações não resolverá o rombo da previdência. Não vamos capitalizar com as privatizações nada próximo de R$ 1 trilhão, como a previsão do governo, e ainda haverá contas a pagar”, alertou.
Outro fator relevante é garantir maiores investimentos como forma de eliminar “gargalos” logísticos e aumentar a produtividade da economia brasileira. Em relação à qualidade da infraestrutura, o País ficou na 123º posição, bem aquém do que se esperaria para seu nível de renda. “A infraestrutura brasileira é ruim e o aumento da demanda, especialmente por transportes, vem gerando gargalos sérios que comprometem nossa produtividade”, explicou. Sobre o desemprego falou que está ainda elevado em 11,9% e deve diminuir para 10,4 em 2019. Há maior flexibilização com a reforma trabalhista.
Cenário internacional preocupa – “O principal problema começa por Trump, devido à política expansionista implantada quando já estava em pleno crescimento”, afirmou Dumas, citando outro fator que poderá afetar o Brasil – a guerra comercial entre Estados Unidos e China, onde o governo Trump impõe tarifas que chegam a 25% sobre mais de U$ 200 bilhões em produtos chineses. “Com mais tarifas virá a volatilidade”, ressaltou. Segundo o palestrante, a economia norte-americana desacelerará mais rápido do que se imagina, respingando no Brasil.
A economia da Argentina também não vai bem, com dívida publica de 58% (PIB), taxa de juros de 60% ao ano, depreciação do peso em mais de 50%, contração do PIB no segundo trimestre e inflação de 40% ao ano. Com, isto as exportações de veículos e autopeças são reduzidas no Brasil.
Ainda no cenário internacional, falou que a Turquia passa grandes dificuldades, com déficit em conta corrente de 6,5% do PIB e alta exposição de bancos europeus a ativos turcos. Já sobre a Europa, comentou que, na França, Macron perdeu credibilidade e a chance de ser um grande líder, pós- protestos dos “jaquetas amarelas”, devido elevação de impostos sobre a gasolina. Falou sobre o governo populista da Itália, a aposentadoria de Angela Merkel na Alemanha, e a China, que precisará rebalancear seu modelo de crescimento econômico. “O mundo crescerá menos”, enfatizou.
De 1990 a 2007, o nível de investimentos (% PIB) passou de 36% para 44%, ao passo que o nível de consumo chinês caiu de 49% para 35%, no mesmo período. Em 2010, o consumo representou apenas 34% do crescimento econômico da China e investimentos 51%.
Mesmo assim, da China, há oportunidades vindo para o Brasil. Dumas citou alguns fatores que podem auxiliar a economia brasileira, entre eles, aumento da renda da população chinesa e, como consequência, maior demanda de soft commodities, maiores investimentos no Brasil, com internacionalização e diversificação de empresas chinesas, investimentos em infraestrutura e logística.
O evento foi o último encontro do Ciclo de Palestras da Abrafiltros em 2018. De acordo com presidente João Moura “mantendo nossa tradição, encerramos o ano revendo o passado, analisando o presente e nos preparando para o futuro. Em 2019, iniciaremos em janeiro com mais eventos, novos temas e estaremos sempre de portas abertas”.
A primeira palestra de 2019 será realizada no dia 24 janeiro, das 11h às 12h30, e terá como tema “As inovações do Comércio Exterior Brasileiro”, com Walter Thomaz Junior, especialista com mais de 30 anos de experiência na área de comércio exterior.
Interessados podem se inscrever gratuitamente, no site www.abrafiltros.org.br
Sobre a Abrafiltros:
Criada em 2006, a Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais – tem a missão de promover a integração entre as empresas de filtros e sistemas de filtração para os segmentos automotivo, industrial e tratamento de água e efluentes – ETA e ETE, representando e defendendo de forma ética os interesses comuns e consensuais dos associados.
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